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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Não faz sentido esquecer


Não faz mais sentido negar o que sempre esteve claro: nós valemos à pena. É burrice pensar que não deu certo só pelo fato de que chegou ao fim. É burrice empurrar para debaixo do tapete o que ainda resta de nós e apagar as lembranças que construímos e sempre vão ocupar um espaço na minha memória, e na sua também. Valemos à pena até onde nos permitimos, enquanto havia desejos e sonhos.

Já faz algum tempo que eu abandonei a birra que sustentava meu rancor desmedido e impedia que a saudade amolecesse meu coração. Me permiti sentir sua falta, relembrar o que fomos, tirar as fotografias da gaveta, reler as antigas cartas e ouvir aquela música que dizíamos ser  a trilha do nosso amor. Se doeu? Óbvio que sim. A saudade caiu com o peso de uma tonelada de momentos que ficaram para trás e hoje são peças da história que meu coração escreve dia após dia.

Há casos em que esquecer é a melhor saída, mas nosso caso eu quero lembrar com o carinho que preenchia os meus dias quando tudo começou. Quanto aos motivos que teceram a season finale do nosso romance, que sirvam de aprendizado e repousem em letras garrafais na listinha do que precisamos evitar em uma vida a dois. Afinal, é bem verdade que para o amor não existe receita, mas certos ingredientes azedam a mistura e fazem o caldo desandar antes mesmo que o peito se aqueça.

Vou tocando a vida com a maturidade necessária para entender os limites da saudade que hoje cativo. Porque não faz mais sentido evitar as recordações de quando você era meu maior desejo de felicidade. Não faz sentido tentar apagar o que sempre vai existir, ainda que o tempo lapide novas formas, imponha distâncias e novos sentidos para a vida.  Não faz sentido dizer que o felizes para sempre não existe, quando na verdade o “sempre” é tão relativo quanto o próprio tempo.